O Absoluto


Absoluto é aquilo que existe independentemente de qualquer condição, o ser por excelência, que deve sua existência apenas a si mesmo. É a realidade suprema e fundamental, independente de todas as demais; suprema pois está além de todas as coisas e fundamental pois é a causa de todas as coisas que existem e não são totalmente ele. O absoluto remete para uma forma extrema de independência e de auto-suficiência, nesse sentido o absoluto é aquilo que se opõe ao relativo.

Etimologia

Absoluto vem do latim solutus ab omni re, compreendendo o que é "em si e por si", independentemente de qualquer outra consideração ou condição: é a quintessência da abstração, a essência e o termo da generalização.

 "Assim, o absoluto foi considerado por uns como a idéia, como a verdade, como o princípio fundamental de que derivam todos os outros, como o Ser por excelência, princípio e causa de tudo quanto existe, ao passo que para outros apenas representa uma pseudo-idéia (Hamilton), "Uma noção vazia de sentido" (Renouvier).

O Absoluto em Hegel

Para Hegel absoluto é o que se entende por ser puro, e o ser puro não é, não se pode dizer que ele existe nem se pressupor algo sobre ele. Não há atributos positivos no ser puro, pois positivo é aquilo que se pode determinar, e determinar algo é estabelecer o termo além do qual ela não é. Por exemplo o número 1 vai se opor ao 2,3,4 e todos os demais, é como dizia spinoza "Determinatio negatio est" (Determinação é negação). Logo para determinamos o que uma coisa é negamos inúmeras coisas delas... Por isso o positivo enquanto determinado jamais pode ser absoluto.

O absoluto é aquilo que basta a si próprio, independente de outra coisa, sua própria causa, logo ele não é determinado, que é sempre determinado em relação a outra coisa. O absoluto é então o indeterminado. E se chega ao indeterminado abstraindo tudo que é determinado. A abstração absoluta, que nega tudo que é determinado até que não sobre nada de determinado, nada de positivo. Fica apenas o indeterminado, a própria negação negante, e isto é o absoluto. Por isso Hegel diz que o ser é o nada.

Como se chega a concepção de um absoluto?

É demonstrável filosoficamente que tudo precisa de uma causa que a antecede, pois sem ela há somente uma regressão infinita e sem uma causa primeira não se dá o conceito de causa, mas apenas de intermédios. O raciocínio funciona da seguinte maneira:

Premissa 1 - Nada do que tem necessidade de alguma coisa (para subsistir) existe por si mesmo.

Premissa 2: Tudo o que existe, e não é realmente o absoluto, tem necessidade de alguma coisa. (Se observarmos o universo observável que conhecemos, nada nele existe por si mesmo)

Premissa 3: Portanto, o que existe, subsiste, não sendo de maneira nenhuma o próprio absoluto, não existe mais por si.

Se alguma coisa existisse por si, esta alguma coisa não dependeria e não poderia depender de nada nem de ninguém. Tudo o que tem necessidade de alguma coisa ou de alguém depende (para ser e subsistir) desta alguma coisa ou deste alguém.

Alguma coisa existindo por si não poderia depender de nenhuma outra coisa, tendo necessariamente tudo, em si mesma e por ela mesma. Consequentemente, esta alguma coisa existindo por si não pode receber o que quer que seja de nada nem de ninguém.

Toda coisa ou todo ser, existindo, tendo portanto necessidade de alguma coisa para ser ou subsistir, prova então manifestamente (só por sua presença) que uma causa primeira existe, na qual e por quem tudo se retira e se obtém.

Enfim, é lógico ter em vista um ponto máximo onde todas as perfeições secundárias, fragmentadas, espalhadas, se reúnam e se liguem para formar , por meio de sua reunião final, a Perfeição única, Total, Absoluta.

Porque o absoluto é infinito?

Não pode haver alguma coisa estranha à sua natureza, nem que teria ação sobre ele para limitá-lo.
Se o absoluto é a própria "causa per si", ele deve anteceder todas as outras coisas, e se somente havia ele, então ele necessariamente deve ser infinito, pois não havia mais nada para o restringir, pois se houvesse não seria absoluto.

Porque o absoluto é perfeito?

O absoluto tem de ser perfeito pois nada pode lhe faltar. Aquele que existe por si mesmo deve ser necessariamente perfeito, tendo tudo nele próprio.

Porque o absoluto é imutável?

Pois ele não pode, sendo a própria perfeição, ter necessidade de adquirir o que quer que seja.

Porque o absoluto é eterno?

O absoluto é imutável, portanto é eterno. Tempo é uma sucessão que implica mudança e variação.

Porque o absoluto é uno?

Sendo perfeito, ele só pode ser um. Dois seres, infinitamente perfeitos, seria uma coisa absolutamente impossível, pois um não teria nada por onde se distinguir do outro, e haveria portanto necessariamente um retorno à unidade.

Monoteísmo


A concepção mais comum deste absoluto é a de um deus, pessoal ou impessoal, misticismo que hoje é sustentado por diversas religiões espalhadas pelo mundo inteiro.

O absoluto só pode ser um, portanto todas as metafísicas que se dispõe a estudá-lo ou adorá-lo tem de ser monoteístas, isto é, acreditarem em somente um deus criador do universo, que na maioria delas é onipotente, onipresente e onisciente.
Tal conceito deriva do grego mónos = único, théos = deus, e significa literalmente "Um único deus", é uma vertente do Teísmo.

Teísmo

Teísmo é um conceito filosófico-religioso desenvolvido para se compreender o criador, e que se divide em

-Monoteísmo: Crença em somente um deus;

-Henoteísmo: Crença em diversos deuses, porém devoção a somente um; e

-Politeísmo: Crença e adoração a diversos deuses.

O teísmo também suporta outras três concepções, o teísmo cristão e o teísmo monista, que também podem ser considerados variações do monoteísmo, e o teísmo aberto. Este último nega suas principais características, a onipotência, onisciência e onipresença de deus. Eles afirmam que o Criador não detém a completa ciência do futuro, o que lhe permite modificar a todo instante suas idéias iniciais, conforme o desenrolar dos acontecimentos

E embora o teísmo se oponha ao deísmo - conceito que será explicado mais a frente - de forma ferrenha, e apesar de ser uma vertente do teísmo, ele contém o deísmo em suas subdivisões, pois o monoteísmo vai além da devoção e religião, é simplesmente a crença em somente um deus, ao invés de vários.

Existem diversas concepções do monoteísmo, o que se segue é una breve introdução a algumas delas:

Deísmo - Embora esta postura filosófica admita a existência de um Deus criador, tenha ele o nome que tiver, questiona profundamente a idéia da reveleção divina e apega-se à concepção da inteligência humana como mediadora para a compreensão do Ser Superior, rejeitando a necessidade de religiões.
Para o deísta, Deus se revela não pelas religiões, mas pela ciência e pelas leis da natureza. Também para ele é difícil aceitar a visão de um deus antropomórfico, sendo-lhe mais digerível a idéia de “um princípio vital”, “uma força criadora” ou a “energia motriz do universo”.

Monismo - Em seu significado mais simples, monismo é a doutrina da unidade, cuja palavra advém do grego monás que designava, na filosofia pitagórica, “toda complexidade que se faz um todo coeso”. Ela se opõe ao dualismo que admite a existência de duas entidades independentes na criação – espírito e matéria – e ao pluralismo, o qual adota a diversidade de fundamentos e de substâncias para se explicar o universo. Envolve o panteísmo e o panenteismo, mas ao mesmo tempo também suporta a idéia de um deus pessoal.

Panteísmo - O Panteísmo, criado pelo filósofo Bento Spinoza (1632 - ), preceitua que tudo e todos constituem um Deus Universal Abrangente e Imanente. Assim, o universo todo, e tudo o mais que o contêm, sua natureza, seus seres e coisas, bem como Deus, são idênticos, inexistindo um Deus pessoal, antropomórfico, criador. Assim, se tudo é Deus, constituindo uma forma de Monismo, e, portanto, de uma mesma e única substância, todas as coisas e seres também O são, levando-se, pois, a acreditar na Divindade da natureza e de tudo a que a constitui. 

Panenteísmo - É o monoteísmo monista, sustentando o deus como um todo. Ele contém o universo, mas não é idêntico a ele. É onipresente, onipotente, imanente e transcendente.

Fontes:





Comentários

  1. O Absoluto teria todos os atributos divinos? (incluído omnisciência é claro) e com isso vem outra pergunta. Poderia ter uma consciência e até ser um Deus pessoal?

    ResponderExcluir
  2. Olá Cleisson. Gostei do tópico. Esse argumento é muito interessante.

    ResponderExcluir
  3. Quais Deuses(seja de mitologia ou religião) chega nesse nível? Os que vi foram Yahweh e Brahman. Tem outros?
    (N sei quantas vezes li esse Blog)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Azathoth

Através dos portões da chave de prata

O Caos e os Arquétipos: Os conceitos que fundamentam o universo de Lovecraft