O multiverso


Se vamos falar de multiversos, devemos começar pelo modelo de multiversos determinados por Max Tegmark, que nos ajudará a expandir nosso conteúdo e organizar as peculiaridades que cada um deles apresenta.

Max Tegmark dividiu os modelos de multiverso em 4 níveis, sendo eles:

Nível 1- Quilted | Trata-se de uma estrutura integrada por bolhas desconexas entre si. Cada uma contém o seu próprio universo. Todas elas contam com leis muito semelhantes.

Nível 2- Inflação eterna | O universo real é composto por diferentes universos…todos nascidos do Big Bang, mas com propriedades diferentes. Em cada um encontraremos cosmos de nível I.

Nível 3- Quântico | Cada alternativa quântica em qualquer ponto do universo provoca a sua divisão em dois ramos… – o que forma uma autêntica ‘rede de cosmos‘.

Nível 4- Matemático | Este multiverso é composto de todos os universos possíveis; cada um com as estruturas matemáticas que o descrevem. Estes cosmos não se encontram no mesmo espaço… – Cada qual… tem a sua própria estrutura de espaço e tempo.

Nível 1



O multiverso de nível 1, Quilted, ou universo acolchoado, propõe um universo euclidiano, ergódico e infinito. Basicamente o modelo de multiverso acolchoado pode ser definido como todo o espaço que está tão longe da gente que a luz das suas estrelas ainda não teve tempo de nos alcançar durante esses 13.7 bilhões de anos desde o Big Bang, ou simplesmente o que está além de nosso universo visível.

Como observado por Hubble, nosso universo está se expandindo, de tal maneira que a velocidade que as galáxias se afastam de nós aumenta a distância que estamos dela. Simplificando, quanto mais distante, mais rapido elas parecem se afastar, e de fato, se você chega longe o suficiente em qualquer direção, acaba encontrando galáxias que estão se afastando de nós em velocidades iguais ou maiores que a da luz

Logo imagine o seguinte: um ponto tão distante de nós que a velocidade de distanciamento média relativa é a velocidade da luz, agora imagine que este ponto será o mesmo em todas as direções em nossa volta, o que formaria uma esfera que é chamada a Esfera de Hubble. Tudo além da Esfera de Hubble está se movendo para longe de nós mais rapidamente que a velocidade da luz. Nosso universo visível tem aproximadamente 93 bilhões de anos-luz de diâmetro aproximadamente, e esse espaço é nossa "Esfera Hubble".

Isto significa que, do nosso ponto de vista, podemos separar o espaço que nos rodeia em duas regiões: um mais "próximo", onde as coisas se afastam de nós a velocidades inferiores à da luz e outra "longe" em que eles fazem em velocidades mais alta. Na fronteira entre os dois está o chamado limite de Hubble , a margem do espaço em que as coisas se afastam de nós à mesma velocidade que a luz.


É além deste limite que termina nosso universo, embora não seja o fim ou o limite do mesmo (uma vez que tem seu diâmetro indefinido e está em constante expansão). O modelo Quilted considera que houveram não um, mas infinitos big bangs - o que embora pareça absurdo a primeira vista, é tão plausível e possível haver infinitos big bangs como haver apenas um - cada um deles deu origem a um universo, que devido a expansão estão fadados a nunca entrarem em contato uns com os outros.

Assim, qualquer espaço fora de nossa Esfera, já pode ser considerado outro universo, e sendo o universo (Termo que vai ser usado aqui como a totalidade de tudo, ou multiverso) infinito, é provável que existam infinitas esferas Hubbles aí fora.

Obs: Perceba que embora nosso universo seja considerado esférico, não é como se o universo em si fosse uma esfera, o universo é plano e infinitamente linear, o que se estrutura na geometria esférica é apenas a nossa esfera Hubble, que por agora pode ser entendido como nosso universo visível.

Esse modelo pode ser melhor compreendido se imaginarmos o universo como uma folha de papel com grade:


Imagine que cada seção desta grade é uma dimensão. Cada uma dessas dimensões foi criada pelo Big Bang (essa é a teoria), e mesmo que milhões de anos tenham passado, trazendo-nos aos dias de hoje, a luz viajando pelo espaço expulsa pelo big bang ainda está viajando para o exterior.

O espaço entre todas essas dimensões, onde a luz de todos os "big bangs" não chegou, não contém luz, e portanto não pode ser visto até que "nossa" seção de luz se expanda, criando nosso "horizonte cósmico". Então, simplesmente, só podemos ver até onde nossa luz chegou, e esse é o nosso próprio horizonte cósmico individual.

Universo observável x Esfera Hubble

O nosso universo observável embora frequentemente confundido com a esfera Hubble, não é a mesma coisa que ela. E a explicação para isso também demonstra porque um universo nunca pode se encontrar com o outro. O tecido do espaço se expande uniformemente em todos os pontos, não apenas em um, e faz isso acima de velocidade da luz, assim, quanto mais avançamos em direção a um astro ou sistema de outro universo (isto é, uma galáxia fora de nossa esfera Hubble) mais ela está se afastando de nós, de forma que a luz que está em nossa esfera nunca vai chegar a imergir estas galáxias, já que elas estão se afastando a uma velocidade ainda maior. Mas embora as galáxias estejam se afastando, isto não é um verdadeiro movimento delas, é o universo inteiro que se expande e dá esta velocidade aparente as galáxias, em outras palavras, é o espaço entre as galáxias que aumenta e isso ocorre porque o espaço-tempo está se dilatando.

Mas o fato é que podemos ver entidades que estão fora de nossa esfera Hubble. Para entender como conseguimos observar esses objetos, imagine uma galáxia localizada além de nossa esfera de Hubble, ela se distancia mais rápida que a velocidade da luz, está, portanto, em uma “região super-luminosa” do espaço em nossa perspectiva, então qualquer luz que ela emite em nossa direção estará na verdade se movimentando para longe de nós conforme o tempo passa. Porém devido ao aceleramento da expansão do universo, a nossa Esfera de Hubble, na verdade, está ficando maior com o tempo, e se ela fica maior mais rápido do que a luz daquela distante galáxia consegue se distanciar de nós, eventualmente aquela luz sairá de uma “região super-luminosa” do espaço e entrará em o que é chamado de “região sub-luminosa” do espaço e seríamos capaz de observa-la, ou seja, observar aquela galáxia distante, que neste momento estaria mais distante de nossa Esfera de Hubble e mesmo assim conseguimos observa-la, o que é muito impressionante.

Então o Universo observável é maior do que nossa Esfera de Hubble, ele é de fato chamado Horizonte de Partículas que é a distância que uma partícula maior ou igual a zero pode ter percorrido em direção ao observador desde o início do universo, ou seja, ela estabelece uma distância-limite para qualquer tipo de interação entre observador e partícula.

Considerações acerca do modelo Quilted

O multiverso acolchoado funciona apenas em um universo infinito. Com uma quantidade infinita de espaço, todo evento possível ocorrerá um número infinito de vezes. Um espaço finito despreza a necessidade de infinitos big bangs, que são necessários para criar universos paralelos. A afirmação de que tudo se concentraria em um ponto infinitesimalmente (sic) pequeno só é válida se o universo for considerado finito, porque se o universo for infinito — e apesar de não ser ter sido comprovado é muito provável que o universo seja infinito — então o universo foi sempre infinito, ou seja o Big Bang teria ocorrido, literalmente, em todos os lugares. Porém se o universo foi sempre infinito em o que ele estaria se expandindo? Bom ele não precisa se expandir em nada, ele pode se expandir em si mesmo. Este é um dos curiosos paradoxos do infinito, você nunca o esgota.

Um universo infinito deve abranger um número infinito de volumes de Hubble, todos com leis e constantes físicas iguais às nossas. No entanto, quase todos eles serão diferentes do nosso volume de Hubble em termos de configurações, como a distribuição de matéria no volume. De acordo com as teorias atuais, alguns processos ocorreram depois que o Big Bang distribuiu a matéria com um certo grau de aleatoriedade, dando origem a todas as diferentes configurações cuja probabilidade é diferente de zero. Nosso universo, com uma distribuição quase uniforme de matéria e flutuações iniciais de densidade de 1 / 100.000, poderia ser um representante típico (pelo menos entre aqueles que contêm observadores).

O Multiverso de Nível 1 fica mais interessante quando paramos para pensar que existem apenas finitas maneiras de rearranjar as partículas do nosso universo observável, – segundo Tegmark 10¹º na potência 118 maneiras diferentes – isso significa que se você pudesse caminhar (flutuar?) por tempo suficiente – cerca de 10¹º na potência 29 metros – você iria eventualmente encontrar uma cópia idêntica de você mesmo por aí. Só porque dado suficiente tempo e espaço é provável que as partículas se rearrangem de todas as maneiras possíveis, inclusive exatamente a mesma que existe agora mesmo no seu corpo

Aplicações ficcionais

O multiverso de nível 1, além de ser uma possibilidade para o nosso espaço-tempo, também encantou roteiristas, que utiizaram deste modelo em suas histórias.

Marvel Comics


A Marvel Comics utiliza também o modelo de universo acolchoado em sua cosmologia, embora ele não seja predominante 100% em seu verso, que mais se assemelha ao Nível 4 de Tegmark, o multiverso matemático. O universo plano e isotropico em que se estrutura o Quilted é aqui representado, em termos bidimensionais, como um espectro infinito. É dito que no "centro" deste espectro desprovido de centro (pois é infinito), se encontra o universos dos homens (nosso universo) e sua infinitude de universos adjacentes que compartilham todos do mesmo número de dimensões (Três espaciais e uma temporal).

É dito que os outros universos são variações dos universos dos homens, o que só poderia acontecer se houvesse outros big bangs, de forma que as partículas se rearranjariam das finitas formas possíveis infinitas vezes. Esse universos são chamados de universos alternativos, e obedecem todos as mesmas leis naturais - que chamamos "ciência", assim como é no multiverso de nível 1 proposto por Tegmark.

Assim como dito no início do roteiro da história em questão: A mente humana não pode compreender a real natureza do multiverso; é então, difícil de fato para nós compreendermos como podem existir outros modelos de universos pra fora da área que espelha o Quilted, uma vez que há infinitos multiversos adjacentes, e para começar um outro modelo, o anterior teria que terminar, e se termina não é infinito. Mas isso é apenas se pensarmos no multiverso se extendendo omnidirecionalmente, pois o problema pode ser contornado mesmo com nosso limite se pensarmos nos universos alternativos dispostos todos lado a lado, apenas "seguindo" na horizontal. Por exemplo, se tomarmos aquele exemplo da folha de papel com grade e pintarmos a primeira fileira de quadrados na horizontal, não mudaria a infinidade de universos alternativos, desde que eles seguissem sem fim a sua fileira em questão, assim como está na figura, em que planetas terras alternativos são representados lado a lado. Desta forma podemos colocar outros "multiversos" "embaixo" do modelo Quilted, sem anular a infinidade do mesmo. E de qualquer forma, apesar de eu ter feito, não precisamos pensar em ordem ou em como colocariamos outro modelo em um mesmo espaço infinito, pois o segredo do infinito é que sempre cabe mais um.

Nível 2


O multiverso de nível 2 é baseado na teoria da inflação cósmica proposta por Alan Guth, físico e cosmologista estadunidense, em 1979. Segundo esta teoria, nos primeiros momentos após o big-bang, o universo conheceu um breve período de expansão extraordinariamente rápida e que o poderá ter inflacionado num factor de 10^30 ou eventualmente mais. Após este período de inflação, o ritmo de expansão teria reduzido até chegar aos valores atuais.

Há uma série de coisas que observamos que o Big Bang não explica. O fato de que o Universo tem a mesma temperatura exata em todas as direções, numa proporção maior que 99,99%, é um fato observacional sem uma causa teórica. O fato de que o Universo, em todas as direções, parece ser espacialmente plano (ao invés de curvado positiva ou negativamente), é outro fato verdadeiro sem uma explicação. E o fato de não haver relíquias de alta energia, como monopolos magnéticos, é uma curiosidade que não se esperaria se o Universo começasse de um estado densamente quente e arbitrário.

A teoria da inflação cósmica começou a ganhar forma em 1981, para poder explicar o elevado grau de uniformidade do universo, que não encaixava com a ideia de que a expansão fosse uma consequência do Big Bang, uma vez que uma explosão não costuma gerar uma distribuição tão uniforme da matéria. Esta uniformidade foi registada através do estudo da radiação cósmica de fundo em micro-ondas, os vestígios energéticos do Big Bang, algo do género de um eco e que se pode ainda medir 15.000 milhões de anos depois.

A inflação é um termo geral para modelos do Universo primordial que envolvem um curto período de expansão extremamente rápida (exponencial), expandindo o tamanho do que é agora o Universo observável de uma região muito menor que um próton para o tamanho de um toranja (ou ainda maior) em uma pequena fração de segundo. Esse processo suavizaria o espaço-tempo para tornar o Universo plano, e também resolveria o problema do horizonte tomando regiões do espaço que antes eram próximas o bastante para se conhecerem bem e espalhá-las distantes, em lados opostos do Universo visível hoje.

Guth explicou como a inflação está associada às primeiras pressões gravitacionais do universo. Em suas próprias palavras: “A teoria inflacionária é essencialmente uma guinada na teoria convencional do Big Bang. A falha que a inflação intenciona superar é a do fato básico de que, apesar de a teoria do Big Bang ser chamada de Big Bang, na verdade ela não é uma teoria do Bang; nunca foi. A teoria convencional do Big Bang, sem inflação, trata, na realidade, apenas do que veio após o Bang… Já a ideia básica da inflação é a de uma forma repulsiva de gravidade que resultou na expansão do universo.

A grande ideia da inflação cósmica era que o Universo cheio de matéria e radiação, aquele que estava se expandindo e esfriando por bilhões de anos, surgiu de um estado muito diferente que existia antes do que conhecemos como nosso Universo observável. Em vez de ser preenchido com matéria e radiação, o espaço estava cheio de energia a vácuo, o que fez com que ela se expandisse não apenas rapidamente, mas exponencialmente, o que significa que a taxa de expansão não diminui com o tempo enquanto a inflação continua. É somente quando a inflação chega ao fim que essa energia do vácuo é convertida em matéria, antimatéria e radiação, e os resultados quentes do Big Bang. Embora muitas fontes descrevam o ato da criação como Ex nihilo, não é desta forma que o modelo da inflação trabalha com o Big Bang. Ela assume que o universo surgiu do vacuo quântico e não do nada absoluto, o que seria uma contradição metafísica.

Porque a Inflação é necessária

Como foi dito anteriormente, há muitos problemas que a teoria do Big Bang por si só falha em responder; Eles podem ser divididos em 3 situações observacionais diferentes e que o modelo da inflação consegue resolver. São eles:

1- O Problema do Horizonte
2- A planura "inexplicável" do universo
3- A falta de relíquias cósmicas

O Problema do Horizonte



Apresentação: O universo não tem temperaturas diferentes em direções diferentes, mesmo através de uma área de bilhões de anos-luz de distância em uma direção, que nunca teve tempo (desde o Big Bang) para interagir ou trocar informações com uma área de bilhões de anos-luz na direção oposta.

Solução: Quando você olha para o Universo em todas as direções, você vê a radiação cósmica de fundo de microondas. Esse é o ponto em que o Universo se tornou transparente para que a luz pudesse viajar livremente pelo espaço. E a temperatura dessa radiação é quase exatamente a mesma em todas as direções que você olha. Existem pequenas variações minúsculas, detectáveis ​​apenas pelos instrumentos mais sensíveis.

Quando duas coisas têm a mesma temperatura, como uma colher no café, significa que essas duas coisas tiveram a oportunidade de interagir. O café transferiu calor para a colher e agora suas temperaturas se igualaram. É a segunda lei da termodinâmica.

Quando vemos isso em lados opostos do Universo, isso significa que, em algum momento, no passado remoto, essas duas regiões estavam se tocando. Aquele local de onde a luz saiu 13,8 bilhões de anos atrás à sua esquerda, interagiu uma vez diretamente com aquele ponto à sua direita que também emitiu sua luz 13,8 bilhões de anos atrás.

Esta é uma ótima teoria, mas há um problema: o Universo nunca teve tempo para essas regiões opostas se tocarem. Para o Universo ter a temperatura uniforme que vemos hoje, precisaria gastar tempo suficiente misturando-se. Mas não teve tempo suficiente, na verdade, o Universo não teve tempo para trocar a temperatura.

Imagine que você mergulhou a colher no café e, em seguida, retirou-a momentos antes que o calor pudesse ser transferido, e ainda assim o café e a colher tem exatamente a mesma temperatura. O que está acontecendo?

É nesse ponto que a inflação estréia. Como ela postula que o universo foi inflacionado quando tinha apenas 10-36 segundos de idade, e que essa inflação terminou aos seus 10-32 segundos, e que antes da inflação o universo era menor que um átomo e depois da inflação foi do tamanho de uma toranja, isso resolve o problema do tempo e da distância, pois essas regiões estavam próximas o bastante no começo e o universo começou com a mesma temperatura.

A planura do universo



Apresentação: O problema do nivelamento é uma questão relacionada à falta de uma explicação de por que o universo parece ser quase plano em grande escala - isto é, porque a densidade da matéria e da energia parecem ser precisamente ajustada para que o universo não desmoronasse de volta em si logo após o Big Bang, nem se expandisse tão rapidamente que as galáxias seriam incapazes de se formar. O universo não tem uma curvatura espacial mensurável diferente de zero, embora um universo perfeitamente espacial requer um equilíbrio perfeito entre a expansão inicial e a densidade de matéria e radiação.

Solução



A teoria da inflação prevê que a inflação ultra-rápida teria expandido qualquer curvatura em larga escala da parte do universo que podemos detectar. É análogo a tomar um pequeno globo e expandi-lo ao tamanho da Terra. O globo ainda é curvo, mas a peça local que você veria pareceria bem plana. O pequeno universo inflado por uma grande quantidade e a parte do universo que você pode observar parece ser quase plana.

O problema dos monopólios magnéticos

Apresentação: Por que os monopolos magnéticos que a teoria do Big Bang sugere que deveria ter sido produzida nas altas temperaturas do universo primordial parecem não ter persistido até os dias atuais?

Solução: Os monopólios ainda são criados em modelos inflacionários. Eles são criados antes (ou durante) a inflação, de modo que a expansão rápida depois disso dilui sua densidade para níveis inobservavelmente baixos.

A inflação passo a passo



Eu apresentei cada ponto principal da teoria inflacionária, mas ainda assim é confuso entender como ela funciona num geral pois requer conhecimento de muitas coisas, principalmente de mecânica quântica, me levou dias começar a entender a inflação e como cada ponto dela se liga.

"Houve um tempo em que não houve ontem"

Desde que Hubble descobriu que o universo estava se expandindo, a cosmologia mudou absurdamente. Descobrir que não vivemos em um universo estático, mas mutável, abriu janelas para as mais diversas possibilidades. No entanto, além da expansão, uma das previsões da teoria da grande explosão (O Big Bang) é que a temperatura das radiações cósmicas de fundo cai conforme o universo se expande, ou seja, o universo está esfriando cada vez mais.

Melhor dizendo, um universo em expansão não significa apenas que as coisas se afastam conforme o tempo passa, mas também que a luz existente se espalha em comprimentos de onda conforme avançamos cronologicamente. Como o comprimento de onda determina a energia (quanto mais curta, mais energética), o universo resfria conforme nós envelhecemos e, consequentemente, as coisas eram mais quentes no passado. Amplifique esse raciocínio e você chegará em um tempo no qual tudo era tão quente que nem mesmo átomos neutros poderiam ser formados. Se esse panorama estivesse correto, deveríamos ver um brilho restante de radiação atualmente, em todas as direções, que resfriou para alguns graus acima do zero absoluto. A descoberta dessa radiação cósmica de fundo em micro-ondas em 1964 por Arno Penzias e Bob Wilson foi uma confirmação do Big Bang.

É tentador, portanto, continuar estudando o passado, quando o universo era ainda mais quente, denso e compacto. Se fizermos isso, iremos encontrar:

– Uma época em que era muito quente para um núcleo atômico ser formado e na qual a radiação era tão alta que qualquer ligação de prótons e nêutrons seria destruída;

– Um tempo em que pares de matéria e antimatéria poderiam ser formados espontaneamente, pois o universo era tão cheio de energia que os pares das partículas/antipartículas poderiam ser criados naturalmente;

– Uma época em que prótons e nêutrons se transformavam em plasmas de quarks e glúons, conforme as temperaturas e densidades eram tão altas que o universo se tornava mais denso do que dentro de núcleos de átomos;

– E, finalmente, uma época em que a densidade e a temperatura aumentavam em valores infinitos, conforme toda a matéria e energia no universo eram contidas dentro de um único ponto: uma singularidade.

Esse último ponto – essa singularidade que representa onde as leis da física se desintegram – também é entendida para representar a origem do espaço e tempo. Essa foi a principal ideia do Big Bang.

Obviamente, tudo menos o último ponto foi confirmado. Nós criamos o plasma de quark-glúons em laboratório, desenvolvemos pares de matéria e antimatéria, fizemos os cálculos para o que cada elemento da luz deveria formar e em que quantidade durante os primeiros estágios do universo, tiramos as medidas, e descobrimos que eles combinam com as previsões do Big Bang. Avançando ainda mais, nós medimos as variações na radiação cósmica de fundo em micro-ondas e vimos como estruturas gravitacionalmente ligadas, como estrelas e galáxias, se formam e crescem. Para todo lugar para onde olhamos, encontramos uma relação gigante entre teoria e observação. O Big Bang parece um vencedor.

Exceto por alguns aspectos. Três pontos específicos que você poderia esperar do Big Bang não aconteceram, eles são os 3 problemas apresentados acima. Os teóricos procuraram então alternativas a uma “singularidade” para o Big Bang e, em vez disso, o que poderia recriar esse estado quente, denso, expandido, resfriado, evitando esses problemas, e foi assim que a inflação cósmica surgiu, para soluciona-los.

Em vez de um estado arbitrariamente quente e denso, o universo poderia ter começado a partir de um estado onde não havia matéria, sem radiação, sem antimatéria, sem neutrinos e sem partícula nenhuma. Toda a energia presente no universo preferiria estar ligada ao tecido do próprio espaço: uma forma de energia do vácuo, fazendo com que o universo se expanda a uma taxa exponencial. Neste estado cósmico, as flutuações quânticas ainda existiriam, e assim que o espaço se expandisse essas flutuações seriam esticadas pelo universo, criando regiões com densidades de energia ligeiramente superiores ou ligeiramente inferiores à média. E, finalmente, quando essa fase do universo — esse período de inflação — chegou ao fim, essa energia seria convertida em matéria e radiação, criando o estado quente e denso, sinônimo do Big Bang.

A inflação eterna



O que foi apresentado até então é apenas o modelo de Andrei Linde para solucionar as falhas do Big Bang sobre o nosso universo, é aqui que começa o verdadeiro multiverso.

A inflação eterna é o processo pelo qual os universos se expandem ou aumentam, incrivelmente rápido e perpetuamente. Nova matéria é continuamente criada para preencher o volume em expansão (um pouco como o antigo modelo de estado estacionário, em que nova matéria foi criada entre as galáxias em recuo). A taxa de inflação oscila ou varia de lugar para lugar; lugares mais lentos se estabelecem para formar universos, como vemos ao nosso redor (as bolhas já conhecidas); lugares mais rápidos predominam, no entanto, porque eles estão efetivamente se replicando e competindo com bolhas de crescimento mais lento. O processo nunca termina, e possivelmente tem durado para sempre, sem um começo - daí o nome eterno , que implica um passado infinito, assim como um futuro infinito, para a inflação.

O que chamamos de Big Bang é o fim da inflação em nossa bolha local. O universo observável é apenas uma pequena fração da nossa bolha local.
Existem infinitos Universos e eles estariam no Hiperespaço ou Massa. Segundo essa ideia, a cada instante ocorre um Big Bang e nasce um novo Universo com diferentes quantidades de Energia Escura e, neste caso, podem existir outros Universos com leis físicas completamente diferentes da que conhecemos em nosso Universo.

Dentro de cada “Bolha” há Universos do Tipo 1. Como é um processo infinito chamado de Nucleação de Bolha, pode ocorrer eventualmente de surgirem Universos idênticos ao nosso, no mesmo tempo ou com algum possível “Time Delay” (Diferença de tempo). Estes Universos existem em diferentes espaços e diferentes tempos no Hiperespaço.

Voltando pela última vez ao processo básico da inflação cósmica de Guth, para usar dessa vez uma analogia. Imagine um balão totalmente desinflado com dois pontos pretos pintados na superfície. Suponha, então, que uma poderosa máquina de inflação enchesse o balão tão rapidamente que, em alguns milésimos de segundo, o volume do balão crescesse exponencialmente dobrando seu tamanho em pequenos intervalos de tempo. Os dois pontos pretos que eram relativamente próximos no início, quase em um instante, seriam separados por uma distância realmente grande (se a flexibilidade do balão e a potência da máquina de ar permitissem, os pontos seriam separados uns dos outros de alguns picometros para miilhões de quilômetros em um piscar de olhos).

Bem, isso é mais ou menos o que os cosmólogos entendem como o processo inflacionário que deu origem ao nosso Universo. No início tudo era denso e compacto e as distâncias de separação eram microscópicas; e, de repente, uma enorme diferença de  potencial inflacionou exponencialmente o tecido espaço-tempo em 90 ordens de grandeza. Os microscópicos tornaram-se macroscópicos em muito menos de um bilionésimo de segundo.

Finalmente, e uma vez que o espaço já havia sido grandemente inflado (embora vazio e frio), o potencial desacelerou, e como um resultado desta "desaseleração" apareceu violentamente (simulando um tipo de processo cinético "explosivo") todas as partículas que vemos ao nosso redor hoje. Foi este repentino (e secundário) processo de "criação" (dentro do globo) que todos conhecemos como o Big Bang .

Uma vez que isto é compreendido, o conceito de inflação eterna é acessível por uma analogia simples: imagine o mundo anterior, e simplesmente acrescente o postulado de que de qualquer ponto pode surgir ou crescer um novo balão (infinitesimal) de sua superfície. No entanto, a condição necessária e suficiente para que estas inflações aninhadas dentro de inflações sejam eternas e sem fim é que a proporção entre a taxa de criação de balões (ou bolhas como costumam ser chamados) e o crescimento do tecido espacial médio nas referidas bolhas (crescimento que dita uma variável de escala no tempo que se define como uma "constante" Hubble h (t) para cada bolha) seja tal que assegure que  sempre haverá algum ponto na superfície de cada bolha disponível para continuar o processo sem que, a qualquer momento, todos os pontos de todas as bolhas tenham esgotado seu potencial inflacionário.

Tal multiverso, como explica o físico Brian Greene, seria como uma espécie de queijo suí­ço, com os seus buracos característicos. Podemos assim, associar cada vazio a uma região do universo em que a inflação se deteve – e se iniciou uma evolução normal; enquanto as zonas com queijo são regiões que ainda se mantêm no processo inflacionário…Um desses buracos corresponde ao nosso universo. Nele, seres humanos habitariam uma das muitas bolhas de Hubble.

Dito de outro modo, viveríamos num ‘mega-universo’, composto de universos paralelos inflacionários, em forma de “bolhas de Hubble”…que variam, não só em suas condições iniciais…mas também, em aspectos semelhantes…e imutáveis da natureza. – Cada uma delas é um embrião de um multiverso de nível 1… – com “dimensão infinita” … e, preenchido por matéria depositada pelo “campo de energia” que provocou a “inflação“.

Nível 3



Fontes: https://es.m.wikipedia.org/wiki/Multiverso_mosaico

https://noosfera.com.br/universos-paralelos-entenda-as-hipoteses-mais-bem-aceitas-pela-ciencia/

http://www.astronoo.com/pt/artigos/constante-de-hubble.html

http://enigmasdelcosmos.blogspot.com/p/blog-page_9214.html?m=1

https://m.mundoeducacao.bol.uol.com.br/amp/fisica/lei-hubble.htm

https://super.abril.com.br/ciencia/o-que-aconteceria-se-fossemos-rapidos-como-a-luz/amp/

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Multiverso_(ciência)#Acolchoado_(Quilted)

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Forma_do_Universo

https://cienciadesofa.com/2017/06/que-significa-realmente-el-concepto-de-universo-observable.html

https://medium.com/@LucasLazaro/a-infinidade-do-universo-37bf7bbccc3f

http://knoow.net/cienciasexactas/fisica/teoria-da-inflacao/

https://medium.com/@eltonwade/a-infla%C3%A7%C3%A3o-n%C3%A3o-%C3%A9-apenas-ci%C3%AAncia-%C3%A9-a-origem-do-nosso-universo-4b8649aba68e

http://lilith.fisica.ufmg.br/dsoares/ensino/infl.htm

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https://www.universetoday.com/135791/cosmic-inflation-quest-understand-earliest-universe/

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http://www.astronomynotes.com/cosmolgy/s12.htm

https://physics.stackexchange.com/questions/12484/how-does-inflation-solve-the-magnetic-monopole-problem

https://questcosmic.wordpress.com/2014/04/01/navegando-em-universos-paralelos/

http://quevidaesta2010.blogspot.com/2018/02/la-eterna-inflacion-cosmologica.html?m=1

https://abismodotempo.wordpress.com/2015/12/17/universos-paralelos-especies/

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